HIGIENE OCUPACIONAL

HIGIENE OCUPACIONAL


As doenças ocupacionais, que constituem uma das grandes “epidemias silenciosas”, incapacitam e matam trabalhadores, a cada dia, em todo o mundo, muitas vezes de maneira insidiosa e sem que o nexo causal seja estabelecido, por razões que incluem falta de atendimento médico, diagnósticos incorretos e, em alguns casos, períodos de latência muito longos. Problemas graves, como câncer e disrupção endócrina podem ter origem ocupacional. É possível encontrar muitos agentes cancerígenos em ambientes de trabalho, por exemplo, amianto, arsênico, benzeno, cádmio, formaldeído, compostos de níquel, certos óleos minerais e pós de certas madeiras duras, entre outros. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada ano, infortúnios ocupacionais matam mais de 2,3 milhões de pessoas; quanto às doenças ocupacionais, ocorrem perto de 160 milhões de novos casos. Entretanto, a atenção que recebem, por exemplo, de agências internacionais e nacionais, de governos e da mídia, de empresários e de trabalhadores, não está de acordo com sua magnitude e impacto humano, social e econômico. Não podemos esquecer que as doenças ocupacionais, muito menos visíveis que os acidentes do trabalho, são significativamente subestimadas; a Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) estima que, na América Latina, os casos notificados de doenças ocupacionais representam, no máximo, 5% daqueles que realmente ocorrem. Existem estratégias e técnicas preventivas que poderiam evitar grande parte dessas “doenças negligenciadas”. Porém, sua aplicação depende da vontade política de muitos tomadores de decisão, inclusive em nível de governo, de empresa e dos trabalhadores – o que nem sempre existe, veja-se o exemplo da silicose, doença perfeitamente prevenível, que continua matando em nossos dias, apesar de conhecida desde a antiguidade. Além disso, mesmo havendo percepção e aceitação dos riscos e da necessidade de preveni-los, resta o obstáculo da escassez de profissionais competentes nessa área. É impossível resolver o problema das doenças ocupacionais sem praticar a prevenção primária de riscos nos locais de trabalho, que é justamente o objetivo final da Higiene Ocupacional. O impacto positivo da prática da Higiene Ocupacional, não só quanto à saúde dos trabalhadores, mas também quanto à proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e globalização decente, ainda não foi inteiramente percebido por todos os tomadores de decisão. Infelizmente existem muitas iniciativas e projetos com metas que, para serem alcançadas, requerem a contribuição da Higiene Ocupacional, e que, apesar disso, não incluem em sua agenda a disponibilidade de higienistas ocupacionais.

 

FONTE: http://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2014/02/higieneocupacional_berenice.pdf




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